Um número significativo de voluntários olímpicos com passaportes russos e bielorrussos – alguns residentes na França, outros em seus países de origem – relataram ter recebido cartas idênticas, citando riscos de segurança, informando que haviam falhado nas verificações de antecedentes.
Citando o código de segurança interna da França, os organizadores afirmaram não estarem cientes do motivo específico e foram informados da decisão apenas pelos funcionários responsáveis pelas verificações. “Lamentamos informar que não poderemos contar com você entre os voluntários para Paris 2024”, foi a mensagem.
“Uma avaliação desfavorável foi feita contra você”, informou o programa de voluntariado Paris-2024, citando o “código de segurança interna” da França.
“A missão aceita infelizmente não será atribuída a você e você não receberá mais nenhuma comunicação de nossos serviços.”
Os Jogos Olímpicos de Paris ocorrerão sob a sombra da guerra da Rússia contra a Ucrânia. Atletas russos e bielorrussos podem competir apenas como neutros. Os serviços de segurança franceses estão preocupados com a possibilidade de Moscou estar buscando perturbar os Jogos. Um total de 45.000 pessoas foram selecionadas para servir como voluntários nas Olimpíadas e Paraolimpíadas.
Em março, o ministro do Interior da França, Gerald Darmanin, disse que “verificamos absolutamente todos”, acrescentando que cerca de 800 pessoas que “não tinham boas intenções” já haviam sido excluídas. O ministério do Interior se recusou a comentar.
Não está claro quantos cidadãos russos e bielorrussos são afetados. Mas vários voluntários disseram à AFP que acreditavam que seus casos não eram isolados e que as inscrições de russos e bielorrussos foram rejeitadas no último minuto devido à sua nacionalidade.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os organizadores estavam privando os hóspedes de língua russa da ajuda dos voluntários “que poderiam melhor assisti-los. Só podemos expressar pesar”, disse ele.
Mark Galeotti, especialista em serviços de segurança russos, sugeriu que a França queria agir com cautela. “No entanto, sempre há um dilema aqui, se errar do lado da cautela e acabar excluindo até mesmo alguns que são inteiramente inocentes, ou ser generoso e arriscar deixar entrar ativos russos.”
Jules Boykoff, que leciona ciência política na Universidade do Pacífico em Oregon, disse: “A decisão repentina de descartar voluntários olímpicos já aprovados da Rússia e da Bielorrússia não é apenas incomum, mas também faz questionar o processo inicial de seleção. Surgiram novas informações sobre os voluntários? Ou a discriminação está levantando sua cabeça feia?